ATA DA VIGÉSIMA NONA SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA
ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 15-10-2002.
Aos quinze dias do mês de outubro de dois mil e dois, reuniu-se, no
Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto
Alegre. Às dezessete horas e vinte e três minutos, constatada a existência de
quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão,
destinada a homenagear o transcurso do Dia do Professor, nos termos do
Requerimento nº 009/02 (Processo nº 0090/02), de autoria da Vereadora Sofia
Cavedon. Compuseram a MESA: o Vereador Carlos Alberto Garcia, 1º
Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, presidindo os trabalhos; a
Senadora Emília Fernandes; o Senhor João Verle, Prefeito Municipal de Porto
Alegre; a Senhora Ilse Gisela Seib, Assessora da Primeira Coordenadoria
Regional de Educação e representante do Senhor Governador do Estado do Rio
Grande do Sul; a Professora Maria Otília Susin, Presidenta do Conselho
Municipal de Educação de Porto Alegre; o Coronel Irani Siqueira, representante
do Comando Militar do Sul; o Senhor Orlando Ortega, Cônsul Honorário da
Colômbia; o Vereador João Carlos Nedel, 1º Secretário da Casa. A seguir, o
Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do Hino
Nacional, registrou a presença do Senhor José Clóvis de Azevedo, Reitor da
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul - UERGS e, após, concedeu a palavra
aos Vereadores que falariam em nome da Casa. A Vereadora Sofia Cavedon, em nome
das Bancadas do PTB, PHS, PFL e PPS, destacou a importância da realização da
presente homenagem e enalteceu a função institucional das escolas formadoras de
professores, salientando serem estes estabelecimentos símbolos da busca pela
permanente qualificação no ensino. Também, referiu-se ao processo de
democratização na gestão das escolas públicas, enfatizando as vantagens da
participação dos professores nesse sistema. Na ocasião, o Senhor Presidente
registrou a presença do Senhor Raul Pont, ex-Prefeito Municipal de Porto Alegre
e, em após, foi dada continuidade às manifestações dos Senhores Vereadores. O
Vereador Raul Carrion, em nome da Bancada do PC do B, prestou homenagem ao Dia
dos Professores, lembrando serem esses profissionais essenciais à boa formação
dos cidadãos e mencionando as dificuldades enfrentadas pelos docentes em sua
rotina laboral. Também, examinou as conjunturas política, social e econômica
verificadas no País e destacou as crescentes restrições de verbas orçamentárias
para a área da educação. O Vereador Ervino Besson, em nome da Bancada do PDT,
enalteceu a dedicação dos professores em torno do ideal da educação e recordou
parte de sua vida estudantil passada no Município de Casca – RS, onde Sua
Excelência foi alfabetizado. Também, referiu-se aos percalços enfrentados pelos
docentes durante a carreira do magistério e exaltou o trabalho
desenvolvido pelos educadores
de alunos portadores
de deficiência física. O Vereador João Carlos Nedel, em
nome da Bancada do PPB, pronunciou-se sobre o transcurso do Dia dos Professores,
considerando ser a educação fator vital para o processo de diminuição das
desigualdades sociais. Também, enfocou o modelo de estruturação do ensino em
suas diversas fases e referiu-se às adversidades enfrentadas pelos profissionais
da educação no atual cenário sócioeconômico brasileiro. A Vereadora Maristela
Maffei, em nome da Bancada do PT, teceu considerações acerca das políticas
sócioeconômicas praticadas no País, destacando os seus efeitos sobre a
qualidade do ensino e avaliou a influência da televisão sobre a formação intelectual
dos telespectadores. Também, reportou-se a dados estatísticos sobre índices de
analfabetismo existentes entre as mulheres no mundo, enfatizando a condição das
cidadãs porto-alegrenses quanto ao tema. O Vereador Carlos Alberto Garcia, em
nome da Bancada do PSB, declarou sua satisfação em prestar homenagem aos
professores pelo transcurso de seu dia e lembrou estar atuando, há trinta e um
anos, como docente nas redes pública e privada de ensino, tendo lecionado em
todos os níveis escolares. Também, exaltou o ofício do magistério, comparando-o
ao sacerdócio e analisou os efeitos da Lei de Diretrizes e Bases para os rumos
da Educação no Brasil. Em seguida, o Senhor Presidente convidou a Vereadora
Sofia Cavedon a proceder à entrega do Diploma de Menção Honrosa à Irmã Anelise
Weber, Diretora do Colégio Nossa Senhora do Bom Conselho. Na ocasião, a
Vereadora Sofia Cavedon informou que seriam distribuídas, aos representantes de
escolas presentes nesta Solenidade, publicações alusivas à história da música
no Rio Grande do Sul. Após, o Senhor Presidente convidou o Senhor João Verle a
proceder à entrega do Diploma de Menção Honrosa à professora Eleonora Leite
Castro, Coordenadora Pedagógica e Coordenadora do Curso de Magistério do
Colégio Vera Cruz, e convidou a Senadora Emília Fernandes a proceder à entrega
do Diploma de Menção Honrosa à professora Inês Geraldo da Silva, Vice-Diretora
e Supervisora do Curso de Magistério do Instituto de Educação São Francisco; Em
seguida, o Senhor Presidente procedeu à entrega do Diploma de Menção Honrosa à
professora Sirlei D’Ávila Bitencourt Alves, Diretora do Instituto Estadual Dom
Diogo de Souza. Após, o Senhor Presidente convidou a Vereadora Sofia Cavedon a
proceder à entrega do Diploma de Menção Honrosa à Senhora Nara da Costa
Oliveira, professora do Instituto de Educação General Flores da Cunha; o Senhor
João Verle a proceder à entrega do Diploma de Menção Honrosa à professora Nilse
Christ Trenepohl, Diretora do Instituto Estadual de Educação Paulo da Gama; a
Senadora Emília Fernandes a proceder à entrega do Diploma de Menção Honrosa à
Senhora Jussara Elói de Souza, professora da Escola Estadual Normal 1º de Maio;
a Vereadora Sofia Cavedon a proceder à entrega do Diploma de Menção Honrosa à
Senhora Jane Rosa da Silva, professora da Escola Municipal de Ensino Básico
Liberato Salzano Vieira da Cunha; e o Senhor João Verle a proceder à entrega do
Diploma de Menção Honrosa à professora Vera Maria D’Amore, Diretora do
Colégio Municipal Emílio Meyer. Em seguida, o Senhor Presidente concedeu a
palavra à Irmã Anelise Weber e à professora Vera Maria D’Amore, que destacaram
a importância da homenagem hoje prestada pela Câmara Municipal de Porto Alegre
ao transcurso do Dia do Professor. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra
ao Senhor João Verle, que teceu considerações acerca das políticas de ensino
praticadas nas escolas municipais de Porto Alegre. Nesse sentido, defendeu um
modelo de educação voltado ao crescimento integral, agregando conceitos de
inter-relacionamento social e desenvolvendo nos alunos uma visão crítica do
mundo contemporâneo e seus problemas. A seguir, o Senhor Presidente convidou os
presentes a assistirem, após o encerramento da presente solenidade, à apresentação
da Orquestra de Flautas da Escola Municipal de Ensino Fundamental Heitor Villa
Lobos, sob a regência da maestrina Cecília Rheingantz Silveira, e, em seguida,
à Palestra “Educar para quê? A Pedagogia das Competências e a Ilusão da
Empregabilidade”, a ser ministrada pelo professor Gaudêncio Frigotto. Após, o
Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem à execução do Hino
Rio-Grandense e, nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos e
declarou encerrados os trabalhos às dezoito horas e cinqüenta minutos,
convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Carlos Alberto Garcia
e Sofia Cavedon e secretariados pelo Vereador João Carlos Nedel. Do que eu,
João Carlos Nedel, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que,
após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor
Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Estão abertos os trabalhos da presente
Sessão Solene, destinada a homenagear o Dia do Professor. Compõem a Mesa o Ex.mo
Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre, Dr. João Verle; a Sr.ª Emília
Fernandes, Senadora da República; Sr.ª Ilse Gisela Seib, Assessora da Primeira
Coordenadoria Regional de Educação, neste ato representando o Governo do
Estado; Prof.ª Maria Otília Susin, Presidenta do Conselho Municipal de Educação
de Porto Alegre; Cel. Irani Siqueira, representante do Comando Militar do Sul;
Sr. Orlando Ortega, Cônsul Honorário da Colômbia.
Ver.ª
Sofia Cavedon, proponente desta Sessão, Srs. Vereadores, Sr.as
Vereadoras, Sr.as Diretoras e Srs. Diretores de instituições
educacionais, homenageados nesta Sessão; senhores professores; senhoras
professoras; senhoras e senhores dirigentes de entidades de classe; senhoras e
senhores representantes da área de ensino; demais autoridades presentes;
senhores da imprensa; senhoras e senhores.
Convidamos
todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional.
(Ouve-se
o Hino Nacional.)
Queremos,
em nome da Câmara dos Vereadores, mostrar a nossa alegria, nesta tarde, em
poder comemorar o Dia do Professor, professor este que é um símbolo de todas as
gerações, uma pessoa que, a cada dia que passa, preocupa-se com a educação, com
a formação de um ser integral.
Registramos
a presença do Reitor da UERGS Prof. José Clóvis de Azevedo.
A Ver.ª Sofia Cavedon,
proponente desta homenagem, está com a palavra e falará também pelas Bancadas
do PTB, PHS, PFL e PPS.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Sr. Gaudêncio Frigotto que será para nós o grande presente, a
grande homenagem ao Dia dos Professores, porque vai partilhar o seu saber
conosco, com a nossa caminhada. Queria cumprimentar especialmente as entidades
aqui presentes: a ATEMPA; o CPERS; entidades sindicais, fundamentais na nossa
luta; o Conselho Estadual de Educação, que por um detalhe não está na Mesa, que
muito honra a nossa Sessão Solene; a direção da Associação dos Servidores,
muito parceira em todas as ações que temos feito na área de educação; as
escolas públicas estaduais, municipais, aos educadores populares do MOVA, das
creches comunitárias, que se sintam, cada vez que falamos aqui, professor e
professora, contemplados. Porque esse termo professor e professora não é para
aquele apenas que tem o seu certificado de um curso realizado, é muito mais do
que isso, é para aqueles que tem uma prática, uma prática de ensino e de
aprendizagem constante, e que vocês educadores populares são símbolos disso.
Queria
cumprimentar especialmente as pessoas educadoras que representam aqui as
escolas que nós queremos que sejam símbolos da homenagem do Dia do Professor,
que são as escolas que formam professores. O Colégio Nossa Senhora do Bom
Conselho, o Colégio Luterano Vera Cruz, Colégio Santa Dorotéia, o Instituto de
Educação São Francisco, o Instituto Estadual Dom Diogo de Souza, o Instituto de
Educação General Flores da Cunha, o Instituto Estadual de Educação Paulo da Gama,
a Escola Normal 1.º de Maio, o Colégio Estadual Hildo Meneguetti, a Escola
Municipal, a mais nova Escola com formação de Magistério, Liberato Salzano e o
Colégio Municipal Emílio Meyer. É imensa a alegria de tê-los conosco e
escolhemos as escolas de formação de professores, porque vocês são símbolos
desta luta pela educação. Pela educação que para nós significa esperança. Não
foi à toa que chamamos este momento com esta frase do Sebastião Salgado: “onde
há escolas, há esperança”, e não a esperança de quem espera passivo, resignado,
que tem uma esperança de quem sabe vir algo superior que virá modificar as
coisas; mas a esperança, conceito que Paulo Freire ressignificou para nós, a
esperança que significa a capacidade de denunciar e de anunciar. Entendemos a
escola como esperança, quando ela tem esta capacidade de denunciar, porque é
uma escola que propõe a leitura crítica, que se propõe à divergência, aos
pontos de vista divergentes, que está aberta à leitura da realidade, que
dialoga com a realidade, que não reproduz conhecimento estereotipado,
determinado, acabado. Uma escola que produz e que indica a esperança, porque
propõe o novo, porque propõe a criatividade, porque respeita profundamente a
comunidade onde está inserida, porque se dedica a refletir a sua prática,
porque pensa coletivamente essa escola, porque trabalha coletivamente, porque
se renova refletindo essa prática. Essa escola da esperança é a escola que deve
ser valorizada e incentivada; e da postura do
professor, peça fundamental dessa esperança dessa escola depende que
essa escola seja símbolo, significado e instrumento de esperança. Apostar na
qualificação permanente desse professor é fundamental para que a sua postura
seja de denúncia e de anúncio e para que essa escola tenha capacidade de
devolver à humanidade a sua humanidade, de conseguir alcançar a cada indivíduo
o seu sentimento de “pertencimento” a uma humanidade, de se sentir humano e não
de perder-se na barbárie em tempos de guerra, em tempos de discriminações, em
tempos de acirramento, de divergências raciais e religiosas, de epidemias, em
tempos que fomos à lua, que conhecemos mais o nosso universo, clonamos pessoas.
Não uma escola como redenção do mundo, mas a escola durante muito tempo foi um
dos instrumentos que perpetuou essa sociedade da desigualdade, que foi
conseqüência de uma sociedade que naturalizou o fracasso, que naturalizou a
desigualdade social. Essa escola precisa romper com isso para se tornar a
esperança de fato, precisa romper, precisa significar o novo, precisa ser ela,
e aí a nossa luta e nossa disputa enquanto trabalhadores de educação, não
apenas para democratizarmos a escola e para sermos nós quem elegemos os nossos
diretores, mas para termos uma escola profundamente democratizada. A essência
dessa esperança, dessa capacidade de denúncia, dessa pluralização é a
democratização dessa escola. Isso significa que ao democratizar a escola, ao
termos uma gestão participativa, o professor passa a ser sujeito também. Há uma
ilusão, não se iludam vocês, que nós democratizamos a escola para o professor
ter mais uma possibilidade; antes ele não era sujeito, antes ele reproduzia
passivamente. Enquanto o professor consegue chamar a comunidade, ouvir a
comunidade, ser alertado, ser pautado na discussão com a comunidade, na discussão
com seu aluno, na discussão com seus pares e com os funcionários, ele se torna
sujeito construtor dessa escola e ele deixa de ser também instrumento
reprodutor da desigualdade social. A profunda democratização da escola traz,
fortalece esse professor sujeito, esse professor que pensa, esse professor que
é autor da sua trajetória e que pode ser símbolo da esperança. Mas não uma
escola democratizada só na gestão, uma escola democratizada na capacidade de
acolher todos os alunos, de acolhê-los na diferença, uma escola democratizada
na capacidade de produzir conhecimento, que todos na escola possam aprender e
possam aprender a ser sujeitos da sua história e possam humanizar-se, tornar-se
humanos, humanos plenamente.
Quero
encerrar, homenageando as escolas de formação de professores e homenageando a
cada um dos professores e educadores que estão aqui com a poesia que o Conselho
Municipal de Educação, na pessoa de Maria Otília nos trouxe, de autoria de
Paulo Freire para homenagear os professores. (Lê.)
“Sou
professor a favor da decência contra o despudor, / a favor da liberdade contra
o autoritarismo, da autoridade contra a licenciosidade, / da democracia contra
a ditadura de direita ou de esquerda. /
Sou
professor a favor da luta constante / contra qualquer forma de discriminação, /
contra a dominação econômica dos indivíduos ou das classes sociais. /
Sou
professor contra a ordem capitalista vigente / que inventou esta aberração; a
miséria na fartura. / Sou professor a favor da esperança / que me anima apesar
de tudo. /
Sou
professor contra o desengano / que me consome e imobiliza.
Sou
professor a favor da boniteza de minha própria prática, / boniteza que dela
some se não cuido do saber que devo ensinar, /se não brigo por este saber, / se
não luto pelas condições materiais necessárias / sem as quais meu corpo,
descuidado, corre o risco de se amofinar / e de já não ser o testemunho que
deve ser de lutador pertinaz, / que cansa mas não desiste.”
Parabéns,
professores! Parabéns, porque a nossa qualidade fundadora é não cansar. Cansar,
mas não desistir. E, mais do que isso, ser aquele que tem a plena consciência
de que a sua ação extrapola completamente a sala de aula, o ato de educar.
Nós
somos agentes de humanização e precisamos nos humanizar e assim nos transformar
cada vez mais humanos e promotores de esperança na nossa prática.
Parabéns a cada um de nós.
Parabéns a cada um que faz no seu dia-a-dia a possibilidade da esperança de um
mundo diferente.
Agora
não entendo a escola como onisciente, onipresente e que pode fazer isso
sozinha. Mudando o projeto de Governo, mudando o projeto de sociedade é que a
gente faz isso. Esta consciência, o professor não pode perder.
A
todos nós, boa luta e bom trabalho. Muito obrigada. (Palmas.)
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Queremos registrar a presença do
ex-Prefeito e hoje Deputado eleito Raul Pont.
O
Ver. Raul Carrion está com a palavra e falará em nome do PC do B.
O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) É uma grande satisfação como professor de História, como filho de
professores, como irmão de três professores, estar falando nesta solenidade, em
homenagem ao Dia do Professor, no dia de hoje, em nome do Partido Comunista do
Brasil.
Nesta
data a sociedade expressa o seu reconhecimento a essa categoria profissional
tão essencial e ao mesmo tempo tão sacrificada do ponto de vista da carga de
trabalho que ultrapassa em muito as 44 horas constitucionais, principalmente se
contabilizadas as horas de preparação de aulas, correção de provas e
deslocamento de uma escola para outra, com salários historicamente baixos,
totalmente não condizente com os relevantes serviços que presta.
Categoria
que, além de transmitir às novas gerações o conhecimento acumulado da
humanidade nos proporciona, diuturnamente, lições de vida e de cidadania
Nesse
sentido, remarcamos a tradição de luta e de participação dos professores em
todo o Brasil e, em especial, no Rio Grande do Sul. Suas entidades maiores -
CPERS - Sindicato, o SINPRO, a ATEMPA e a ANDES - destacam-se por sua
combatividade e elevada consciência política.
Mas,
comemorar também é refletir sobre os desafios que estão colocados para todos
nós, educadores, nos dias de hoje.
Vivemos
um momento muito grave, quando assistimos nossa Pátria ter a sua soberania
pisoteada pelo FMI e pelos banqueiros internacionais, sob os olhares
complacentes dos Silvério dos Reis hodiernos.
Estes
exterminadores do futuro mergulharam o País na mais profunda crise da sua
história, lançaram milhões no desemprego. Nossos direitos sociais e
trabalhistas são liquidados um a um. Se aprovarem o fim da CLT no Senado, como
pretendem, só restará a restauração da Lei Áurea para que o Brasil volte a ser
uma grande senzala.
No
âmbito educacional, assistimos ao sucateamento do ensino público a todos os
níveis, procurando transformar a educação em mera “mercadoria” – de acesso
restrito aos mais ricos. Desmentindo o hipócrita discurso neoliberal de
“modernidade”, “competitividade” e “investimento na educação”, o atual Governo
Federal apôs nove Vetos ao Plano Nacional de Educação, impedindo que os gastos
com educação fossem progressivamente elevados para 7% do PIB, conforme fora
aprovado no Congresso Nacional.
Fruto
disso, a cada ano diminuem os recursos em educação, que hoje mal atingem 3% do
PIB, colocando o Brasil como o 84.º País do mundo em investimentos em educação,
atrás da Zâmbia, Ruanda, Lezoto e tantos outros países.
Segundo
os dados oficiais, os gastos anuais com o ensino caíram – no quadriênio 96-99 -
de 6,7 bilhões para 5,3 bilhões de reais – uma redução de 26,4%, enquanto que a
arrecadação de impostos aumentou 40%! Mas, ao mesmo tempo que faltam recursos
para a educação, mais de 100 bilhões de reais em juros da dívida são pagos a
cada ano aos agiotas nacionais e internacionais.
Por
tudo isso, impõe-se um novo rumo para o Brasil!
Novo
rumo que o povo brasileiro, na sua sabedoria, certamente, começará a construir
no próximo dia 27! Em um encontro com a história a que certamente os mestres
não faltarão! Como diz o nosso poeta Geir Campos: “Não faz mal que amanheça
devagar, as flores não têm pressa, nem os frutos: sabem que a vagareza dos
minutos adoça mais o outono por chegar. Portanto, não faz mal que devagar o dia
vença a noite em seus redutos de leste - o que nos cabe é ter enxutos os olhos
e a intenção de madrugar”.
Um
fraterno abraço do PC do B aos professores de todo o Brasil, fazendo votos de
que alcancemos grandes vitórias nesta luta por um Brasil livre, soberano e mais
justo! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia):
O Ver. Ervino Besson
está com a palavra e falará em nome do Partido Democrático Brasileiro.
O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) É um orgulho estar nesta tribuna,
hoje, falando em nome do meu Partido, o PDT, homenageando o símbolo desta
categoria, que são os nossos educadores, professores e professoras. Quando o
meu Líder solicitou que eu falasse para os professores, eu pensei: o que é que
eu vou falar? Então, recordei do meu tempo de infância. Sou oriundo do
interior, de Casca. Naquela época, quando o então Governador do Estado Leonel
Brizola construiu aquelas “brizoletas”, eu fui alfabetizado numa dessas
“brizoletas.” Éramos seis alunos. Em homenagem aos professores e professoras
vou relatar: a professora que dava aula para nós fazia um percurso de 7km a
cavalo. Está ainda viva a imagem de nós esperando aquela professora chegar.
Mesmo com o rigor terrível do inverno naquela região aquela professora nunca
deixou de ir cumprir com o seu dever. Muitas vezes chegava gelada de frio,
molhada, tinha de trocar de roupa. Recordo o carinho que tínhamos para com
aquela professora: cada aluno levava um milho, um pastinho para dar para o seu
cavalo. Eu e meu irmão mais velho estudávamos juntos e disputávamos uma fruta,
a melhor fruta que colhíamos era para levar para a nossa professora. Vereadora
Sofia, que é professora, Vereadora Maristela, e outras tantas que estão aqui
neste Plenário, vejam o que representa esta categoria. O que representa para o
desenvolvimento deste País o educador. Com todas as dificuldades que enfrentam,
eles ainda são uns heróis, estão lá cumprindo com o seu dever. Nunca assisti a
uma pessoa, a um ídolo, a um atleta, enfim, a um símbolo de cidadão, de cidadã
desta Nação que fosse homenageado e que não tivesse se lembrado do seu
professor, da sua professora.
Vejam
o que representa, hoje, nesta sociedade em que vivemos, o trabalho de vocês!
Perguntem a esses alunos que estão sentados nas galerias ou aos seus pais de
quem eles vão se lembrar? Não há dúvida! É do seu professor ou de sua
professora.
Poder estar homenageando esta categoria é um
fato glorioso para esta Câmara. Hoje é um dia glorioso para esta Casa. Eu moro
ao lado do Instituto Santa Luzia, na Cavalhada, e acompanho o trabalho daqueles
educadores e vejo o carinho que aquelas pessoas têm para com os seus alunos, e,
vendo outras tantas instituições que lidam com nossos irmãos deficientes,
observo a que está lá do lado, observo a paciência, o professor, a professora,
com toda aquela calma, com aquele dom que Deus lhes deu, mostrando o caminho da
verdade.
Portanto,
meu caro Presidente, nós trocamos de tempo, e eu confesso a vocês que eu não
gosto de sair no meio de uma Sessão Solene, pois gosto de ficar até o fim, mas
tenho o compromisso de ir a uma missa de sétimo dia a que não posso deixar de
comparecer. Por isso eu quero deixar aqui a todos vocês, queridos amigos e
amigas professoras e professores, pela sua luta, um abraço muito carinhoso e o
reconhecimento fraterno por tudo que vocês representam na vida da nossa
juventude. Vida longa e muita saúde a todos! Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia):
O Ver. João Carlos Nedel
está com a palavra em nome do PPB.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu lamento que numa Sessão onde
falamos de esperança ainda existam semeadores de desesperança e pessimismo, mas
eu acredito na educação como o principal caminho para minimizar as
desigualdades sociais, pois, se não for garantida uma educação consistente a
todos, o futuro ficará estreito, as desigualdades alargar-se-ão, a pobreza
enraizar-se-á na sociedade, e o panorama social será, por isso, cada vez mais
tenso.
É
assim, pela educação, que se pode construir as bases de uma nova sociedade e
projetar um futuro mais promissor. É esse o meu entendimento sobre a
importância da educação, penso que é o mais importante campo da ação humana.
Direito
do cidadão e dever do Estado. É a partir da educação que todas as demais
aspirações da pessoa humana se viabilizam, emergindo do plano das idéias para o
plano da realidade.
Iniciada
na intimidade dos lares, pelo ensino e exemplo dos pais, a educação, entendida
como o aprendizado, cultivo e prática social dos valores essenciais da
humanidade, completa-se nas boas escolas, onde refulge como essencial a figura
do professor, sem o qual a educação é impensável. É o professor que, no
trabalho anônimo da sala de aula, realiza a mais importante das tarefas, que é
a de plantar a semente do conhecimento, cultivar o raciocínio crítico,
estimular o crescimento humano e alargar os horizontes das crianças e dos
jovens. O professor é o verdadeiro profissional da esperança. Poucas profissões
têm a sua relevância. E, no entanto, paradoxal e simultaneamente, poucas contam
com tanta falta de reconhecimento e com tanta ingratidão da sociedade, com
ênfase para o Poder Público. Louvados pela unanimidade das pessoas, enaltecidos
em verso e prosa por intelectuais e políticos e sacralizados pela história e
pelo reconhecimento geral, os professores, entretanto, aos poucos e
continuamente, deixaram de receber a atenção e o mérito para seu trabalho,
desgastando-se até quase a exaustão de nossos dias. Não fora o ideal de classe
e a perseverança dos professores, a educação se teria há muito tornado
inviável. Em nome da Bancada do Partido Progressista Brasileiro, o PPB, que
tenho a honra de integrar nesta Casa, juntamente com os ilustres Vereadores
João Dib, Pedro Américo Leal e Beto Moesch, saúdo os professores de Porto
Alegre e do Rio Grande do Sul pelo seu Dia, e renovo a minha saudação à Ver.ª
Sofia Cavedon, pela proposição. E, ao mesmo tempo em que os felicito por seu
idealismo, que lhes tem permitido enfrentar condições adversas de trabalho,
salários aviltados e sucessivas frustrações por promessas de valorização não
cumpridas, quero concitá-los a que mantenham a fé, conservem o seu ideal e não
percam a esperança, pois novos tempos se configuram e um novo horizonte se
descortina.
Parabéns
a todos os professores, de todas as gerações, pelo seu Dia. Muito obrigado, em
nome do povo de Porto Alegre, por jamais esmorecerem. E que Deus os abençoe e
os ilumine sempre. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia):
A Ver.ª Maristela Maffei
está com a palavra e falará em nome do Partido dos Trabalhadores.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu queria, em primeiro lugar, fazer
aqui uma homenagem especial, pedindo licença a todos os outros educadores, e
honrar um pressuposto de Paulo Freire onde todos somos aprendizes e todos somos
educadores. Uma homenagem especial a esta escola que está aqui representando
com muito orgulho a minha comunidade a Lomba do Pinheiro, Colégio Villa Lobos,
eu gostaria de saudá-los com uma forte salva de palmas. (Palmas.) Faço isso
para dizer que aqui está na prática, de fato, aquilo a que nós almejamos; pena
que o Ver. João Carlos Nedel está saindo agora, eu queria dizer também que a
premissa, Ver. Nedel, da democracia é respeitar o contraditório, e faz parte da
educação, inclusive ser parte de uma pessoa educada. (Palmas.)
Dias
de profunda reflexão, e não quero falar aqui apenas dos educadores, e das
educadoras; dias de profunda reflexão e de agir, porque nós vivemos um momento
desencadeador de propostas alternativas a um projeto pedagógico neoliberal que
eu pessoalmente, junto com a minha Bancada do Partido dos Trabalhadores da
Frente Popular, assim como o Ver. Raul Carrion do PC do B, o PSB e tantos
outros democratas nos contrapomos a esse projeto para "reencantarmos"
velhas e novas utopias de uma sociedade de iguais; contrapomos esse projeto
porque é necessário uma educação emancipadora, uma escola alegre, feliz e
cidadã. Isso é fazer festa no dia dos educadores e das educadoras. A forma de
educação baseia-se, na maioria dos Estados do nosso País, na globalização
capitalista que fragmenta e aterroriza com suas leis de mercado. Ela fez
crescer a miséria do mundo e dividiu o mundo entre globalizadores e
globalizados. A educação é uma perspectiva libertadora, e tem um duplo sentido,
resistir a esse modelo e contribuir para a construção de um outro, é para isso
que nós estamos aqui. O modelo a que contrapomos é "insolidário", é
essencialmente insustentável, baseia-se numa opção voltada à realidade
política, social, econômica ditada pelos órgãos financiadores da educação. O
modelo a que nós contrapomos empobrece a riqueza humana, inviabiliza o saber, e
fortalece apenas o mercado, uma inversão total de prioridades do ser pelo ter.
É necessário se contrapor a essa ofensiva que torna as pessoas presas, onde o
individualismo e a competitividade marcam a sociedade contemporânea. Essa
degradação das relações humanas perpassa todo o tecido social, ocupa lugar nos
meios de comunicação de massa, e não permite que as escola seja um lugar de
proteção a essa concepção de mundo. É uma droga sim. É uma droga do
emburrecimento, o empobrecimento na formação intelectual, e hoje, tão
sofisticado que nem se percebe o que é pior. A droga da porta da escola, ou a
droga da telinha da televisão. É uma droga, sim, o período que nós vivemos do
Governo Fernando Henrique Cardoso, que aprofundou a submissão do nosso País,
esse modelo radicalizando a exclusão social, desnacionalizando a nossa economia
e impondo uma política educacional que devastou o ensino público em todo o
País. Porto Alegre e o Rio Grande do Sul recusaram-se a formar consumidores no
lugar de cidadãos e cidadãs. E é por isso que nós combatemos tão fortemente
este Projeto neoliberal, pedagógico, recusamos submeter a escola à lógica do
capital, colocando o currículo como instrumento de simples treinamento de
habilidade e técnicas a serviço da reprodução capitalista. É necessário
companheiros e companheiras, educadores, educadoras, alunos, pais, mães,
sociedade integrada, é necessário realizarmos a vida e a vida significa o
contraponto aos destruidores da humanidade. E para nós, aprendizes e
educadores, o conceito de Educação não se limita, é verdade, Vereadora Sofia
Cavedon, companheira, não se limita à ação escolar, envolve a Cidade em uma perspectiva
educadora. A ruptura demonstra o vigor de uma nova concepção porque é tempo de
avaliar a práxis como educadores que somos.
E
para encerrar eu quero aqui fazer uma consideração. Nós, mulheres, com todo o
respeito aos colegas, companheiros educadores homens, somos a maioria desde o
início. Nós somos levados na história apenas a reproduzir, mas nós estamos
mudando, mudando porque também tivemos a capacidade de começarmos a aprender
com o outro. Um dos graves problemas que nós enfrentamos, para terminar, Sr.
Presidente, do uso das informações pelas mulheres, está diretamente ligado a
sua falta de conhecimento. E há no mundo novecentos milhões de analfabetos, dos
quais 65% são mulheres e na América Latina, apenas, ou drasticamente, ainda,
86,02% das mulheres ainda não são alfabetizadas. Mas em Porto Alegre, no Estado
do Rio Grande do Sul, e onde existem governos populares que fazem esse
enfrentamento, hoje, temos o menor índice de analfabetismo, porque temos uma
participação com aquelas instituições que acreditam que as mulheres não são
apenas um projeto de reprodução, mas são formadoras, são mães, têm
sensibilidade e são transformadoras. Nós não vamos mais aceitar essa pecha de
que nós apenas repassamos aos nossos filhos e sucumbimos no machismo ou em qualquer
outro fator que possa degradar a nossa imagem. Somos capazes e somos a maioria,
mas não queremos ser a maioria para esmagar os nossos companheiros. Somos
maioria, porque queremos ajudar este País a se transformar em um lugar onde
verdadeiros homens e mulheres construam uma nova concepção de sociedade. É
contra esse projeto e neste exercício que vamos construir novos paradigmas e
olhar para cima, para baixo ou para o lado, hoje, não apenas transformando os
nossos filhos no futuro, os nossos filhos são o hoje. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Convido a Ver.ª Sofia Cavedon a assumir
a presidência dos trabalhos para que este Vereador possa se manifestar.
(A
Ver.ª Sofia Cavedon assume a presidência dos trabalhos.)
A SRA. PRESIDENTA (Sofia Cavedon): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra e falará pela Bancada do PSB.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Quero dizer da minha alegria por
ocupar esta tribuna e poder homenagear, mas, ao mesmo tempo, também ser
homenageado, pois há 31 anos sou professor. Eu sempre gosto de dizer isso,
porque nestes dois mandatos eu estou Vereador, mas ser professor vai ser algo
que eu vou levar por toda a minha vida. E, ao longo destes meus 31 anos de
docente, eu posso dizer que trabalhei desde a pré-escola até o 3.º Grau. Tive a
felicidade de ser diretor em escola pública e em escola particular. Tive,
também, a oportunidade de, ao longo deste anos, dizer que esta, sem sombra de
dúvida, é uma das profissões mais lindas. E se Deus permitisse que eu
retrocedesse, eu faria a mesma opção. Eu acho que isso é o que nos difere.
Lutamos sim por salários melhores. Lutamos por melhores condições de trabalho,
mas sei que são poucas as profissões que levam, ao final do seu dia, a alegria
de ter um sorriso estampado, um aperto de mão, um reconhecimento; isso nos
orgulho muito. Que profissão linda! Uma profissão que, ao longo da sua
história, esteve muito ligada à questão do próprio sacerdócio. E há quem diga
ainda que se voltasse o monge lá da Idade Média encontraria, ainda, as mesmas
situações de escola. Mas a escola está em mudanças e mudanças profundas. Com as
novas tecnologias, essa função não vai terminar. Não vai terminar, porque nós
lidamos com o ser humano e isso é tão gratificante, porque nós fizemos essa
interação. E é por isso, nessas mudanças, que aquele professor que era um deus
idolatrado, que só ensinava, ele aprendeu que ele aprende. E essa é a grande
cumplicidade de saber que quem transmite, recebe. É por isso que eu sempre
gosto de dizer da importância que Deus, com a as sua sabedoria infinita, nos
deu dois ouvidos e uma boca. Isso é algo para nós meditarmos. Pensar que nós
ajudamos na formação. E como me orgulho - posso dizer para os senhores e as
senhoras e vocês devem viver as mesmas experiências -, tenho certeza que vocês
são padrinhos de casamento de ex-alunos, são padrinhos de vários filhos de
ex-alunos, porque somos convidados para batizado, para casamento, porque, em
determinado momento, nós fizemos parte da vida de cada um e de cada uma de
nossos alunos. Então, nós somos aquela pessoa que orienta, que ouve, que
estimula, mas que também aprende.
Saint-Exupéry
diz que: “Tu és responsável por aquilo que tu cativas.” Nós temos essa
obrigação de cativar, de mostrar o mundo novo; e como ficamos feliz ao olhar
para os nossos alunos e vermos os olhos brilharem.
Agora,
nós queremos e lutamos por uma educação diferenciada. Nós sabemos e hoje estão
sendo homenageadas as novas instituições de formação do Magistério e sabemos o
que aconteceu com a nova LDB. O perigo de exterminar a própria pedagogia, os
novos conceitos que estão sendo discutidos com o Normal Superior. Então, são
reflexões que temos de fazer para ver se é esse o modelo educacional que nós
queremos.
Agora,
o que eu sei, que devemos lutar, sim, para que o acesso à educação seja para
todos, mas temos que respeitar algo que é único: nós somos seis bilhões de
pessoas no mundo, mas nenhum é igual ao outro.
Então,
nós queremos um acesso para todos, mas ao mesmo tempo respeitando a
individualidade de cada um. Esse é o grande segredo da educação: trabalhar com
a pluralidade, identificar as individualidades e tentar fazer com que nós
possamos vender um mundo novo, um mundo melhor, porque esse modelo não é o
modelo que nós queremos, ou seja, um modelo que trata todos como iguais. Não!
Nós queremos um modelo em que todos tenham direito, respeitando a
individualidade e é por isso que com muito orgulho, com muita alegria
homenageio, mas, ao mesmo tempo, recebo também esta homenagem e volto a dizer:
se tivesse que começar tudo de novo, começaria. Muito obrigado a todos.
(Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
(O
Ver. Carlos Alberto Garcia assume a presidência dos trabalhos.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Obrigado Ver.ª Sofia Cavedon.
Dando
continuidade a Sessão Solene, a Câmara Municipal de Porto Alegre, dentro das
comemorações do Dia do Professor, homenageia com Diploma de Menção Honrosa as seguintes
instituições educacionais:
Em
nome do Colégio Nossa Senhora do Bom Conselho, convidamos a Irmã Anelise Weber,
Diretora do Colégio, a receber o Diploma de Menção Honrosa, das mãos da
Vereadora Sofia Cavedon.
(Procede-se
à entrega do Diploma e do kit.)
(Palmas.)
A SRA. SOFIA CAVEDON: Queria também contar para vocês que nós
vamos estar entregando a cada uma das escolas um kit, são trinta fascículos que a CEEE financiou e que o Editor
Henrique Méier editou, que sistematiza meio século de música do Estado do Rio
Grande do Sul. Isso como símbolo de que nós rompemos na escola com aquele
conhecimento cortadinho, pasteurizado e que nós precisamos de muito
investimento na escola, de material, de instrumentos de cultura, de leitura
para continuar fazendo um bom trabalho.
O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Em nome do Colégio Vera Cruz, convidamos
a Prof.ª Eleonora Leite Castro, Coordenadora Pedagógica da Escola e do Curso de
Magistério, a receber o Diploma de Menção Honrosa das mãos do Sr. João Verle, Prefeito
Municipal de Porto Alegre.
(Procede-se
à entrega do Diploma e do kit.)
(Palmas.)
Em
nome do Instituto de Educação São Francisco, convidamos a Prof.ª Inês Geraldo
da Silva, Vice-Diretora e Supervisora do Curso de Magistério, a receber o
Diploma de Menção Honrosa das mãos da Senadora Emília Fernandes.
(Procede-se
à entrega do Diploma e do kit.)
(Palmas.)
Em
nome do Instituto Estadual Dom Diogo de Souza, convidamos a professora Sirlei
D’Ávila Bitercourt Alves, Diretora da escola, a receber o Diploma de Menção
Honrosa das mãos deste Presidente.
(Procede-se
à entrega do Diploma e do kit.)
(Palmas.)
Em
nome do Instituto de Educação
General Flores da Cunha, convidamos a Prof.ª Nara da Costa Oliveira a receber o
Diploma de Menção Honrosa das mãos da Ver.ª Sofia Cavedon.
(Procede-se
à entrega do Diploma e do kit.)
(Palmas.)
Em
nome do Instituto Estadual de Educação Paulo da Gama, convidamos a professora
Nilse Christ Trenepohl, Diretora da escola, a receber o Diploma de Menção
Honrosa das mãos do Prefeito João Verle.
(Procede-se
à entrega do Diploma de Menção Honrosa e do kit.)
Em
nome da Escola Estadual Normal 1.º de Maio, convidamos a Professora Jussara
Elói de Souza a receber o Diploma de Menção Honrosa das mãos da Senadora Emília
Fernandes. (Palmas.)
(Procede-se
à entrega do Diploma de Menção Honrosa e do kit.)
Em
nome da Escola Municipal de Ensino Básico Liberato Salzano Vieira da Cunha, convidamos a Professora Jane Rosa da
Silva a receber o Diploma de Menção Honrosa das mãos da Ver.ª Sofia Cavedon.
(Palmas.)
(Procede-se
à entrega do Diploma de Menção Honrosa e do Kit.)
Em
nome do Colégio Municipal Emílio Meyer, convidamos a Prof.ª Vera Maria D’Amore,
Diretora da escola, a receber o Diploma de Menção Honrosa, das mãos do Prefeito
João Verle. (Palmas.)
(Procede-se
à entrega do Diploma de Menção Honrosa e do kit.)
A
Irmã Anelise Weber, Diretora do Colégio Nossa Senhora do Bom Conselho, está com
a palavra e falará em nome das instituições particulares.
A SRA. ANELISE WEBER: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Muito já foi dito sobre a educação
nesta tarde. Onde há uma escola há uma esperança. Já foi falado muito da
importância da educação, do ensino, da formação, das dificuldades que as
escolas enfrentam, e eu gostaria de trazer aqui apenas um exemplo de uma escola
humilde, que começou há 167 anos, por uma pessoa que olhou para crianças
abandonadas no interior de uma pequena localidade da Holanda, cuja fundadora se
lembrou de agregar-se a mais moças para iniciarem uma escola e orientarem essas
crianças para um mundo melhor. E ela o fez há 167 anos!
É
isso que eu gostaria de enfatizar: onde há esperança, onde há coragem, onde há
luta, onde há fé em Deus, conforme dizia Madre Madalena, Deus proverá, Deus
cuida. E o lema dela frutificou, porque ela tomou a educação não só como uma
profissão, mas, sim, como uma missão. Espalhando-se pelo mundo inteiro, em
1872, chagavam as primeiras Irmãs para o Brasil, iniciando em São Leopoldo o
Colégio São José; portanto há 130 anos. Há 97 anos, iniciava-se o Colégio Nossa
Senhora do Bom Conselho, exatamente com o curso de Magistério. É a homenagem
que nós recebemos hoje: ser educador. Então, formar educadores foi sempre a
busca, a prioridade, o projeto das Irmãs Franciscanas da Penitência e Caridade
Cristã. Portanto, desde 1905, o Colégio Bom Conselho tem como a “pupila dos
olhos” o curso de Magistério. Houve interrupções, é verdade, seria longo contar
toda a história. Dizer que é fácil levar o Magistério, hoje, não preciso
explicar, pois as razões já foram apresentadas por Vereadores e por pessoas que
falaram antes de mim.
Neste
momento, cabe-me agradecer a esta Casa, especialmente à Ver.ª Sofia Cavedon,
pelo convite e pela honra que nos dá de nos convidar para esta Sessão.
Cumprimento
a todos os que se dedicam à nobre missão de educar.
Não
faz muito, eu li que o Japão, depois da bomba atômica, teve como primeiro gesto
olhar para a educação. Então, faço aqui um apelo para que todos nós realmente
possamos investir, procuremos realmente o que é a verdadeira formação, o que é
a verdadeira educação necessária para os dias de hoje.
Parabéns
a todos os mestres que estão aqui, parabéns às normalistas, futuras mestras,
parabéns a vocês e coragem, porque vale a pena. Que Deus abençoe vocês.
Conforme dizia a nossa fundadora: “Deus proverá”. Confiemos nele, porque ele
realmente proveu e há de prover para todos nós. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): A Sr.ª Vera Maria D’Amore, Diretora do Colégio Emílio Meyer está com a
palavra e falará em nome das instituições públicas.
A SRA. VERA MARIA D’AMORE: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Agradecendo a homenagem que as
escolas públicas estaduais e municipais de formação de professores e
professoras estão recebendo, vimos ressaltar a importância desse nosso trabalho
na lapidação de novos professores e professoras.
Na busca desse desiderato,
estamos tentando formar jovens capazes de criar uma ordem social, na qual se
possa viver com dignidade.
Dominar as linguagens
utilizadas pelo homem, saber resolver problemas, analisar e interpretar fatos,
compreender o entorno social e atuar sobre ele, receber criticamente os meios
de comunicação, localizar e selecionar informações, planejar e decidir em
grupo. Esses saberes são os pilares que norteiam a educação contemporânea e que
servem de paradigma para o nosso trabalho.
Hoje,
podemos dizer que as escolas públicas do Estado do Rio Grande do Sul e, principalmente
as escolas públicas municipais de Porto Alegre, voltadas para a formação de
professores e professoras, deixaram de ser excludentes e seletivas, pois
abrigam em seu seio pessoas que, até pouco tempo, não teriam chances de
ingressar em um colégio normal tradicional. São senhoras e senhores que
trabalham em creches comunitárias, exercendo a função de educadoras e
educadores, sem o diploma e sem os conhecimentos teóricos inerentes a essa
função. Tais profissionais vão se transformar em professores de verdade, após a
qualificação que nossas escolas estão propiciando.
Lerei,
a seguir, pensamento de Bernardo Toro, filósofo e educador, colombiano, cujas
colocações deverão servir de tema para maiores reflexões sobre o assunto: “A
escola tem de refletir o projeto político da nação, porque a educação não é
para um colégio ou uma comunidade, é para um País.“
Para
encerrar esta nossa fala, queremos, em poucas palavras, destacar, nesta data, a
figura central do processo de ensino: o professor. O verdadeiro ato de ensinar
consiste em criar um envolvimento
mágico, antagônico, o que aprende e o que transmite devem ser bastante iguais
para se compreenderem e se aceitarem. Mas, concomitantemente, suficientemente
diferentes, a fim de se completarem e enriquecerem. O verdadeiro professor,
portanto, não é o que apenas ensina regras, fórmulas e constrói conceitos, ele
é o que estimula, desafia, conduz ao ato de criar questionando os valores e
despertando para a realidade. E esse toque humano, olhar no olhar, medos com medos,
é ainda o único valor que o distingue do robô e dos computadores que o ensinam.
Um abraço fraterno a todos e um bom Dia do Professor para nós. Muito obrigada.
(Palmas.)
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia):
Com a palavra S. Ex.ª o
Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre, João Verle.
O SR. JOÃO VERLE: Ex.mo Sr. Professor Carlos
Alberto Garcia, que preside esta Sessão. (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Quero começar felicitando a Prof.ª Ver.ª Sofia Cavedon pela
iniciativa desta Sessão Solene e agradecer a parte que me toca; quero
felicitá-la, também, por incluir expressamente na homenagem as escolas de
formação de professores e professoras; é uma entrega de uma menção honrosa que
é uma homenagem justa, uma homenagem merecida. Nós, em Porto Alegre, procuramos
desenvolver uma educação cidadã, uma educação democrática, uma educação
transformadora, procuramos criar condições para que toda criança - falo aqui do
MOVA, do SEJA, de adultos - tenha lugar na escola, possa estudar e aprender,
possa receber os ensinamentos que a preparem para a jornada que terá nesta
terra. Que ela não apenas aprenda as letras e os números, não apenas aprenda a
encadeá-los, a combiná-los, mas que aprenda também a relacionar-se na sociedade,
que ela seja uma pessoa que entenda minimamente o significado de estar vivendo
neste nosso mundo, que, infelizmente, é muito marcado por valores materiais,
pela disputa, pelo egoísmo, e é fundamental que, a par de preparar-se para
enfrentar as dificuldades, possa também pensar no outro, possa ser solidário,
que seja, portanto, a pessoa que conviva com seus semelhantes, que por eles
também possa olhar. Deve ser uma educação democrática, onde não apenas o acesso
seja permitido, seja facilitado a todos e a todas, mas que também a própria
gestão da escola comporte a discussão, a participação de toda a comunidade
escolar; que seja uma escola transformadora, que desenvolva o raciocínio
crítico, a capacidade de pensar, a capacidade de propor alternativas a este
mundo injusto em que vivemos. Trabalhamos para que toda a nossa Cidade seja uma
Cidade educadora, para que todas as ações que nós desenvolvemos, nos mais
diferentes setores, apontem para a educação, para o aprimoramento, para a
qualificação da vida em nossa Cidade, porque nós somos, sim, aprendizes, somos
também educadores em tudo o que fazemos. Nós temos a pretensão, e penso que com
razões fundadas e com o reconhecimento não apenas nacional, mas também com o
reconhecimento além das fronteiras, de dizer que nós desenvolvemos em Porto
Alegre uma escola de participação e a participação não apenas no sentido de que
se abrem espaços e que temos canais, mas, principalmente, através do Orçamento
Participativo, temos uma escola de cidadania onde as pessoas conhecem as
condições da sua Cidade, do Poder Público, os recursos que ele dispõe, os
gastos que ele efetua para melhorar a qualidade de vida. Aqui temos uma
comunidade que acompanha, que participa, que ajuda a construir, e esta, eu
penso, é uma forma de garantir uma Cidade educadora, uma escola cidadã, esta é
uma forma de participação onde todos e todas se sintam parte.
Para
concluir, quero parabenizar e agradecer a todos e a todas professores e
professoras neste nosso Dia. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Senhoras, senhores, queremos fazer dois
registros: dentro de alguns minutos, vamos ouvir a execução do Hino
Rio-Grandense e, ato contínuo, teremos a apresentação da Orquestra de Flautas
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Heitor Villa Lobos, regido pela
Maestrina Cecília Rheingantz Silveira; logo após, dentro das comemorações do
Dia do Professor, teremos a palestra do Prof. Gaudêncio Frigotto sobre o Tema
“Educar para quê? A Pedagogia das Competências e a Ilusão da Empregabilidade.“
Neste
momento, convido a todos a ouvirem o Hino Rio-Grandense.
(Ouve-se
o Hino Rio-Grandense.)
Agradecemos
a todos pela presença e damos por encerrada a presente Sessão Solene.
(Encerra-se
a Sessão às 18h50min.)
* * * * *